terça-feira, 21 de outubro de 2008

TEIA
O tempo parece o minuto rasgado
A hora mais nua O dia mais cru
O tempo nunca diz sim ou não
Só te da supapos na cara
Joga confetes Beija o teu rosto
Ou atira balas no teu corpo nu
O tempo ri que nem macaco
Te coloca nariz de palhaço
E te joga aos leões no grande estádio
O tempo te gruda no caramujo
Te veste num casco de tartaruga
Ou te coloca asas no pé
O tempo aperta o teu cinto
Enferruja os teus óculos
E te presenteia com uma folha de papel
E o tempo vai o tempo...
Quando tu contas os dedos
Quando lês o livro pelo final
Quando sabes que o amanhã é o novo dia
E o tempo é só no tempo...
No farfalhar da borboleta
No estouro do balão
No desenhar daquele sorriso na caixa de papelão
PAULO MIRANDA (A Folha)

Nenhum comentário: