Teu corpo em mim uma âncora e ondulo em tempestade e fúria,
e me arremesso contra teu peito, e me esfacelo contra os teus lábios,
e naufrago presa às tuas mãos. Navegar em ti é afogar-me oceânica
num abandono profundo de abismos, encher-me de sal e líquido,
morrer em algas e ossos, ressuscitar improvável sereia de cabelos
emaranhados em antigos navios sepultos. Afogar-me em ti é beber
das imensidades, fazer-me repleta dos mistérios que habitam as fendas
do oculto do mundo e depois brincar menina de castelos de areia, numa
praia tão grande, só minha, e descobrir teus olhos nas pedras, nas conchas,
nas cores úmidas das ondas beijando meus dedos de sol.
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