terça-feira, 4 de março de 2008


Teu corpo em mim uma âncora e ondulo em tempestade e fúria,


e me arremesso contra teu peito, e me esfacelo contra os teus lábios,


e naufrago presa às tuas mãos. Navegar em ti é afogar-me oceânica


num abandono profundo de abismos, encher-me de sal e líquido,


morrer em algas e ossos, ressuscitar improvável sereia de cabelos


emaranhados em antigos navios sepultos. Afogar-me em ti é beber


das imensidades, fazer-me repleta dos mistérios que habitam as fendas


do oculto do mundo e depois brincar menina de castelos de areia, numa


praia tão grande, só minha, e descobrir teus olhos nas pedras, nas conchas,


nas cores úmidas das ondas beijando meus dedos de sol.

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